Hoje em dia a irrupção da Data Science ou o Big Data emergem como tendência na inteligência estratégica para transformar a maneira na que as organizações de toda índole acedem a dados, gerem informação e tomam decisões estratégicas. Com o objetivo de aproximar estas oportunidades de inovação a empresas, empreendedores, governos e cidadãos nasce Tarapacá Intelligence, o primeiro sistema de inteligência regional do Chile desenvolvido pela unidade de estudos estatísticos DATA UC da Faculdade de Matemáticas da Pontifícia Universidade Católica do Chile.

Para conhecer o projeto, conversamos com Alexis Alvear Leyton, Engenheiro Civil Industrial especializado em Data Science e Diretor executivo de Tarapacá Intelligence.

P: Em que consiste o projeto de Tarapacá Intelligence?

R: Tarapacá Intelligence é um projeto focado em favorecer o desenvolvimento inovador da região de Tarapacá, no norte do Chile, apostando pela ciência de dados e o acesso à informação estratégica e dirigido a autoridades governamentais, empresários, empreendedores, comunidade académica e cidadania em general.

O conjunto de atividades que compõem o projeto estão orientadas a apoiar os processos de tomada de decisões desses stakeholders, desenvolvendo capacidades locais e facilitando o acesso a ferramentas e dados, através de uma plataforma de inteligência regional que estamos a desenvolver.

P: Qual é a novidade que traz o projeto?

R: A principal proposta de valor de Tarapacá Intelligence sustenta-se no que denominámos “democratizar os dados”. Achamos que a publicação de informação estratégica de carácter gratuito e universal é chave para reduzir as assimetrias de informação e melhorar a tomada de decisões de sucesso nas organizações.

Assim, através da futura plataforma de inteligência regional, qualquer que esteja interessado poderá aceder a dados e indicadores sociais, económicos, políticos e culturais da região de Tarapacá e incorporá-los nas suas estratégias de atuação para melhorar o conhecimento do meio e aproveitar oportunidades.

P: Por que consideram importante apostar pelos cientistas de dados na região?

R: Porque quando falamos de uma plataforma que entregará informação estratégica sobre patrões de comportamento de fenómenos sociais e económicos, requer que exista capital humano qualificado que seja capaz de sacar proveito a esta informação e transformá-la em conhecimento. Por exemplo, desde a nossa experiência, todo projeto de transferência tecnológica deve gerar capacidades locais que sejam capazes de ser utilizadas a longo prazo nos desenvolvimentos de tal forma que deem sustentabilidade ao projeto. Neste caso, o perfil profissional mais procurado começa a ser o cientista de dados.

P: Que atividades promovem?

R: Existem diversas atividades, por uma parte, pretende socializar o tema da ciência de dados na região e por outra parte, integrar toda a sociedade para que possam utilizar esta ferramenta na gestão. Como exemplo de atividades se organizaram diversos seminários de disseminação e aplicação das técnicas e metodologias de ciência de dados, cursos em data science para profissionais, workshops, encontros empresariais, entre outros. A Universidade dá o diplomado em Sistemas de Inteligência para a Competitividade e em breve lançaremos a plataforma de inteligência regional.

P: Que oferecerá esta plataforma a seus utentes?

R: A plataforma será gratuita e de acesso universal, permitindo facilitar aos interessados dados e indicadores de qualidade procedentes de bases de dados públicas e privadas.

Para isso, realizou-se uma investigação profunda a todas as bases de dados existentes no país com informação de nível regional, são mais de 2.000 fontes de dados e registos de diversos âmbitos, como saúde, educação, economia e empresas, entre outras. Por outra parte, algumas empresas privadas também nos outorgaram acesso a bases de dados próprias com informação muito interessante que nos permitiu monitorizar o desempenho da economia local. Finalmente, a mesma equipa, foi cruzando informação das diferentes bases públicas e privadas, além de fontes complementares como informação de giremos, fundações e empresas de investigação de mercado, que facilitou o acesso a informação muito interessante e rica de todos os âmbitos da economia local.

P: Para ilustrar os utentes, pode dar-nos alguns exemplos sobre o seu uso?

R: A plataforma facilita informação de valor aos diferentes stakeholders. Por exemplo, as autoridades governamentais podem aceder a indicadores dinâmicos e atualizados com respeito aos comportamentos sociais e económicos da região, desde uma perspetiva global, o que lhe permite monitorizar o desempenho das políticas públicas e focalizar o investimento em instrumentos adequados que otimizem o impacto social. Os empresários ou empreendedores podem aceder a dados estratégicos que ajudam a elevar a sua competitividade, por exemplo acederão a informação que lhes permita propor planos de negócio, detetando nichos de mercado e oportunidades com menos risco. Os académicos terão dados relevantes para orientar os seus desafios de investigação e enquanto à cidadania em general pode conhecer através dos dados, a evolução de fatores do seu meio e tomar decisões de uma forma mais consciente.

Em definitiva, na nova era do big data devemos pôr os dados ao serviço das pessoas e trabalhá-los para que o desenvolvimento beneficie a todas e todos.

Sobre Tarapacá Intelligence:

Tarapacá Intelligence é um projeto financiado através do Fundo de Inovação para a Competitividade Regional (FIC-R 2015), impulsionado pelo Governo Regional e aprovado pelo Honorável Conselho Regional de Tarapacá, e executado pela Pontifícia Universidade Católica de Chile, em aliança estratégica com a Faculdade de Engenharia e Arquitetura da Universidade Arturo Prat e a Associação de Industriais de Iquique.

Mais informação: Tarapacá Intelligence.

Ver outros temas