Estimular o incremento da competitividade do tecido produtivo e a geração de emprego, especialmente em PME, através da aplicação das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e a inovação é o objetivo do projeto de cooperação transfronteiriça “Modernizar e Inovar com base TIC em setores estratégicos e tradicionais”, MITTIC. Uma iniciativa que aposta pela vigilância tecnológica com a criação duma plataforma de vigilância tecnológica agro-alimentaria Hispano-lusa, uma ferramenta fundamental para receber informação e tomar decisões no sector agroalimentar.

Falamos com Francisco Hinojal Juan, responsável técnico do projeto MITTIC e economista de formação.

P: Como surge a ideia de criar MITTIC?

R: Este projeto surge, por um lado, a partir da relação entre os sócios sufragada com anterioridade na Rede de Investigação Transfronteiriça Estremadura, Centro e Alentejo (RITECA) e, por outra parte, é fruto da necessidade de propor atuações orientadas a aumentar a competitividade em sectores económicos tradicionais e estratégicos da regiões de Estremadura (Espanha) e Centro e Alentejo em Portugal. Ambas regiões compartilham um problema comum: seu tecido produtivo enfrenta-se ao repto de apoiar-se na inovação como principal fonte de diferenciar e melhora competitiva, com o fim de poder incrementar seus mercados potenciais, o que repercute diretamente na economia e o emprego.

P: Que entidades participam no projeto?

R: Este projeto está liderado pelo Centro de Investigações Científicas e Tecnológicas de Estremadura (CICYTEX) e 12 sócios, está financiado por fundos FEDER, através do Programa Operativo de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal. Conta com a colaboração de diferentes entidades de investigação e associações empresariais de ambos países.

P: Qual é o principal objetivo que MITTIC pretende atingir?

R: Como dizíamos, a meta de MITTIC é estimular o incremento da competitividade dos sectores estratégicos e tradicionais destas regiões, com fim de aumentar a criação de emprego. Para isso, é fundamental propor novos modelos de organização da atividade económica e desenvolvimento da inovação da I&D, baseando-se por um lado na aplicação das Tecnologias da Informação e Comunicação e por outro na transferência de conhecimento aos sectores produtivos.

P: Em que sectores de atividade trabalham?

R: Desde MITTIC estamos a promover uma série de ações experimentais que possam contribuir com soluções baseadas nas TIC a diferentes sectores de atividade como: os sectores agro-granadeiro, florestal e agroalimentar em Estremadura e as regiões portuguesas de Alentejo e Região Centro ou a especialização no uso e emprego de materiais de construção e da saúde. Por exemplo, contempla-se o uso de tecnologias baseadas em radiância infravermelha para determinar a qualidade dos principais produtos devesa; o uso de dispositivos eletrónicos para o controle da alimentação de precisão em porcos ibérios e de raças autóctones do Alentejo; a avaliação de novos embalagens para conservação de carnes frescas; os sistemas para a automatização de adufes; e a aplicação de técnicas não destrutivas para estabelecer o índice de amadurecimento idóneo e de qualidade na fruta de osso.

P: Que atividades se desenvolvem desde MITTIC para aproximar estes objetivos ao tecido produtivo?:

R: MITTIC está estruturado em três eixos de atividade principais, que denominamos: instrumentos para a inovação; ações experimentais de modernização e desenvolvimento tecnológico baseadas no uso das TIC; e intercâmbio do conhecimento para a inovação e o empreendimento.

Entre os instrumentos para a inovação estamos a realizar diagnósticos tecnológicos às empresas em matéria de TIC; desenvolvemos uma plataforma interativa para conectar a oferta tecnológica com a procura existente e já temos GOBEX, uma Plataforma de Vigilância Tecnológica agro alimentaria Hispano-lusa à que os utentes se podem subscrever através do domínio http://mittic.gobex.es e com a que podem receber alertas personalizadas com a informação que demandem..

As ações de modernização referem-se aos sub-projetos de desenvolvimento tecnológico e inovação e que anteriormente comentávamos como exemplos de aplicação sectorial. Estas ações são a base do projeto e agrupam-se em três tipos: ações no sector agro-pecuário e florestal, validação de técnicas de automatização e otimização de processos em indústrias agro-alimentarias e atuações relacionadas com a Gestão da traçabilidade.

Na parte de intercâmbio de conhecimento destacamos atuações como uma ferramenta didática virtual de adufes, uma plataforma de tele-formação para a especialização de pessoal cirúrgico em técnicas de Cirurgia de Mínima Invasão (CMI), atividades de apoio ao empreendimento de base tecnológica e, sobretudo, atividades de formação e demonstração relativas às ações de desenvolvimento tecnológico e inovação desenvolvidas no projeto.

P: Que papel joga para as empresas do sector a vigilância tecnológica?

R: Para a competitividade e sobrevivência nos próprios mercados das empresas, é fundamental uma tomada de decisões estratégicas baseada no conhecimento, bem em matéria tecnológica, bem em qualquer outra matéria que lhe seja relevante para o seu negócio. A maioria das empresas realizam esta vigilância de uma maneira ou outra. Algumas com protocolos mais formais e estruturados e outras de uma maneira mais informal. O que realizámos desde MITTIC é uma ferramenta para o sector agroalimentar de Espanha e Portugal na que de uma maneira estruturada possam receber informação tecnológica sob medida das suas necessidades, sendo eles mesmos quem selecionem as matérias nas que desejam estar informados.

P: Desde a sua experiência, quais estão a ser os principais benefícios e resultados?

R: Para além dos resultados específicos das atuações realizadas, destacaria acima de tudo a colaboração entre instituições de Espanha e Portugal, o qual permite unir forças para resolver problemas comuns, de uma maneira multidisciplinar e integradora e por outro lado, a realização de atuações de alta aplicação nos sectores produtivos e com um alto impacto económico.

P: Para finalizar, quais são os retos de futuro que abre este projeto?

R: O projeto como tal finaliza o próximo 30 de Junho, mas linhas de trabalho como pudessem ser a agricultura de precisão, a aplicação de técnicas espectroscópicas, a automatização de processos em indústrias agro-alimentarias ou o embalagens inteligentes, para dar alguns exemplos, serão com certeza objeto de novos projetos dada a relevância para o desenvolvimento das regiões implicadas.

Mais informação: “Modernização e Inovação tecnológica com base TIC nos sectores estratégicos e tradicionais”, MITTIC

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