O programa Mind the gap da Fundação Botín vai financiar com 1,5 milhões de euros três iniciativas empresariais nos âmbitos de cancro de cólon, desenho de fármacos e tecidos inteligentes. O programa, além de financiamento, oferece coordenação e assessoramento para que num prazo de dois anos os projetos eleitos consigam novos investidores com objetivo de que os seus produtos cheguem ao mercado.

Estão iniciativas empresariais selecionadas pretendem desenvolver:

  • Um teste inovador para identificar pacientes com risco de desenvolver metástases no cancro colorrectal.
  • Uma plataforma informática de simulação para o desenho de fármacos sem necessidade de fazer ensaios reais.
  • Um novo material para imobilizar a vítimas de acidentes, também com outros usos no âmbito da saúde.

Fonte: Apresentação do Programa Mind The Gap. Foto: Guillermo G. Baltasar

Segundo assinala o diretor da Fundação Botín, Íñigo Sáenz de Miera, durante a apresentação do programa em Madrid, o objetivo deste programa é cobrir o oco existente entre a ciência e o mundo empresarial para conseguir que importantes investigações com potencial comercial cheguem ao mercado em forma de serviços ou produtos que melhorem a saúde e o bem-estar da sociedade. Segundo o diretor, estes três novos projetos empresariais foram selecionados pela sua alta capacidade inovadora e viabilidade, por um prestigioso comité de especialistas de indústrias relacionadas com a biotecnologia e bio-medicina.

1) Colostage: um teste para detetar metástases em cancro de cólon

O primeiro dos projetos selecionados pela Fundação Botín foi Colostage, um teste inovador com o que se podem identificar propriedades do tumor que conferem a capacidade de desenvolver metástases no cancro colorrectal, o segundo tumor mais letal a nível mundial.

Deste modo, assinala a fundação, “assegura-se que pacientes são os que têm que receber quimioterapia e, por tanto, se eleva a sua esperança de vida. Ao mesmo tempo, evitam-se tratamentos desnecessários a outros pacientes e otimizar-se o uso dos recursos terapêuticos”.

Espera-se, também, que Colostage seja uma ferramenta útil para as companhias farmacêuticas na seleção de pacientes que potencialmente possam beneficiar-se de novos tratamentos. Este projeto foi desenvolvido pelos pesquisadores Eduard Batlle e Elena Sancho, do Institut de Recerca Biomèdica (IRB Barcelona).

2) Nostrum Drug Discovery: simulador para o desenho de fármacos

O programa Mind the gap também vai financiar um simulador que ajuda a desenhar fármacos sem a necessidade de fazer ensaios reais.

Segundo a fundação, esta aplicação bio-informática, denominada Nostrum Drug Discovery, poderia permitir uma poupança de custos e tempo equivalente a uns 40 milhões de euros pela cada novo fármaco, o qual daria até 10% do custo total de desenvolvimento.

Modesto Orozco, também cientista do IRB Barcelona, foi quem desenvolveu este projecto em colaboração com Barcelona Supercomputing Center (BSC-CNS).

3) TREFit: Tecido inteligente para imobilização de feridos

O terceiro dos projetos eleitos é um material inteligente tipo têxtil, completamente flexível e ajustável, que passa de forma instantânea a um estado rígido ao que aplicar vacum.

Estas propriedades permitem a imobilização imediata de pescoço, costas, tórax, etc. em vítimas de acidentes de tráfico ou trabalhadores, além de fraturas complexas (em dedos) nas que não se pode empregar o típico gesso.

O âmbito de aplicações estende-se ao desporto, ao lazer e à automação, entre outros. O projeto empresarial foi desenvolvido pela equipa de Thierry Keller, de Tecnalia em colaboração com a empresa Janus Developments.

Segundo explicou Luis Ruiz, diretor geral de Janus Developments, no desenvolvimento da tecnologia foi chave o papel de FIK, uma iniciativa empresarial com mais de 25 sócios investidores, que contribuiu com dois milhões de euros desde o ano 2009 confiando na liderança científico-tecnológica do Centro de Investigação Tecnalia.

A ajuda do programa Mind the Gap, junto com os investimentos de Janus, FIK e Tecnalia, permitirão criar uma companhia de base tecnológica durante 2013 e comercializar os primeiros produtos no âmbito da saúde durante 2014.

Janus exerce a direção estratégica, coordenação de operações e desenvolvimento de negócio, particularmente para o mercado anglo-saxão, enquanto Tecnalia cobrirá os aspetos pendentes de investigação, desenvolvimento e fabricação industrial.

Mais informação: Fundação Botín

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