O movimento estudantil de Viveiros de Investigação nasceu no ano 1995 em Colômbia, liderado por jovens e caracteriza-se pela sua origem espontânea, de natureza autónoma e diversidade dinâmica. Os seus princípios básicos comuns estão focados a promover uma formação académica mais investigadora e integral, contribuindo a projetar uma educação participativa onde se apoia a curiosidade, se aprende a aprender e se fortalece a capacidade de trabalhar em grupo, fomentando uma cultura indisciplinaria onde se mantém a capacidade de interesse e curiosidade frente à complexidade da vida.

P: O que é um viveiro de investigação?

R: Um viveiro de investigação é um grupo de dois ou mais pessoas, vinculadas a uma Instituição de Educação Básica, Média ou Superior, ou a um organismo de investigação público ou privado do país ou fora dele, que manifestam a sua intenção de funcionar como Viveiro, por médio de uma acta de constituição e a estruturação dum Plano de Desenvolvimento.

No nosso caso, o Viveiro de Investigação da Universidade de Nariño, segundo a sua acta de constituição, constitui-se como uma estratégia pedagógica flexível e dinâmica que, fundamentada no trabalho em equipa, representa um espaço de discussão, diálogo, acordo e aprendizagem autónoma que promove a liberdade de pensamento e acção em torno da interdisciplinariedade.

P: E como estão organizados?

R: Os Viveiros de Investigação articulam-se através da RedCOLSI, pioneira no desenvolvimento de processos de Investigação formativa a grande escala em Colômbia. Trabalhamos em rede, sendo participes do processo os seguintes atores:

  • Contamos com a Comissão Coordenadora Nacional, que é o organismo de Direção da RedCOLSI para toda Colômbia. Encarrega-se de desenvolver as políticas, planos e programas traçados em cada Encontro Nacional de Viveiros; e elege um Coordenador Nacional da Rede, quem é o seu representante legal.
  • Cada está conformado ao menos por cinco instituições universitárias, desde primária a secundária dum mesmo Departamento, e contam com um Coordenador que lhes representa na Comissão Coordenadora Nacional. Atualmente, a RedCOLSI conta com 15 nós.
  • Uma Rede Institucional que está formada ao menos por dois viveiros de Investigação que pertencem a uma mesma Instituição Educativa. No qual se elege um representante ou coordenador institucional, quem é o seu representante legal ante o nó e a rede Nacional.
  • Os Coordenadores dos Viveiros, são as pessoas na rede encarregadas de informar, colaborar e acompanhar os estudantes no seu trabalho investigador, tecnológico e de inovação dentro da sua instituição, programa académico ou faculdade.

P: Que missão e objetivos fundamentais perseguem estes viveiros?

R: Os viveiros permitem formar adolescentes, jovens e profissionais éticos e integrais no campo da investigação desde as diferentes áreas do conhecimento. Procuramos, pois, gerar espaços para o desenvolvimento do pensamento e a resolução de problemas locais, regionais e nacionais.

Nesta linha, os principais objetivos são:

  • Promover os Viveiros de Investigação como grupos autónomos que procuram identificar caminhos de solução aos problemas da região e do país.
  • Fomentar uma cultura investigadora conforme as necessidades contextuais da universidade, departamento e nação.

P: Como nascem estes Viveiros de Investigação na Universidade de Narinho?

R: Os Viveiros de Investigação da Universidade de Narinho nascem em 2009 quando um grupo de jovens da Faculdade de Educação interessados em resolver um problema de educação me pediram apoio. Brindei-lhes assessoria e acompanhamento em espaços extra-curriculares, onde formamos um grupo de viveiros, interessados em solucionar problemas reais do contexto dentro da nossa região. Inicialmente, começaram a trabalhar em colégios onde hoje se desenvolvem práticas pedagógicas integrais e investigadoras.

Posteriormente o projeto de conformação dos viveiros foi levado ao Vice-Rector de Investigações Pós-grau e Relações Internacionais (VIPRI), e é então quando se institucionalizam os viveiros de investigação na Universidade de Narinho.

Atualmente contamos com mais de 500 estudantes de diferentes Faculdades e Programas, gerando propostas e projetos de investigação conformes às sua áreas de conhecimento e dentro das linhas de investigação da cada programa.

P: Quais são os principais objetivos do programa?

R: Principalmente, trabalhamos por conseguir:

  • Fortalecer os Viveiros de Investigação e ajudar-lhes a desenvolver o trabalho em grupo num ambiente de tolerância e equidade, que permita formar cidadãos investigadores e pessoas líderes que unem as suas forças em pró de uma mesma causa: a investigação, o desenvolvimento tecnológico, a inovação e a obtenção do conhecimento como alternativas de paz.
  • Fomentar o trabalho interdisciplinar institucionalmente, regionalmente, nacionalmente e internacionalmente.
  • “Pesquisar pesquisando”, introduzir ao estudante numa formação investigadora como um eixo fundamental de qualquer área do saber através da prática.
  • Fomentar a investigação como um espaço extra-curricular.

P: Em que consiste este programa na Universidade de Narinho?

R: Este projeto consiste na aprendizagem de metodologias da investigação como um espaço extra-curricular onde o actor principal é o estudante e este à sua vez conta com o apoio de um coordenador, quem orienta o processo de investigação.

Estes projetos de estudantes dão-se a conhecer através de diversos eventos: institucionais, nacionais, regionais, inclusive internacionalmente, mostrando assim o progresso investigador dos viveiros que pertencem a esta instituição.

P: Quem pode participar neste programa?

R: Estudantes de qualquer área do saber interessados em melhorar a sua aprendizagem no trabalho investigador, tecnológico e de inovação.

P: Quais são as suas principais atividades?

R: Dentro dos processos dos viveiros realizamos diferentes actividades como: diplomados; encontros institucionais, regionais e nacionais; assessorias e reuniões periódicas para orientar o processo investigador.

P: Pode compartilhar connosco experiências específicas?

R: Claro que sim, por exemplo no último evento realizado pela RedCOLSI, o XV Encontro Nacional e IX Internacional de Viveiros de Investigação, os estudantes da Universidade de Narinho participaram com um total de 28 projetos nas diferentes áreas do saber, dos quais 8 obtiveram reconhecimento excelente (isto é, obtiveram pontuações entre 90 a 95 dos 100 possíveis) e 4 projetos obtiveram reconhecimento de méritos (isto é, obtiveram pontuações entre 95.5 e 100 pontos dos 100 possíveis).

Além disso, estes projetos mencionados contam com o aval internacional, isto é, estes projetos representarão ao país em diferentes eventos Latino-Americanos organizados por MILSET amlat dependendo das áreas.

P: Que tipo de projetos se apresentaram neste XV Encontro Nacional e IX Internacional de Viveiros de Investigação?

R: Obtivemos resultados muito bons neste último encontro, fruto do esforço e trabalho em equipa tanto dos viveiros como dos docentes (coordenadores) acompanhantes.

Na modalidade proposta, apresentamos os seguintes projetos:

  • “Território de quem? Camponeses sem campo. Um estudo do caso das repercussões mineiras na Vereda o Volador do Município de Arvoredo no Departamento de Narinho. Ano 2012”, a cargo de Paula Andrea Figueroa e Guicel Nayibe Lado.
  • “Desenho de um protótipo de refrigerador modular de leite em cantina”, a cargo de Alcira María Delgado e Diana Melisa Chavez Morillo.
  • “Medida do conteúdo de SAPOGENINAS (HECOGENINA E TIGOGENINA) no suco de aque tratado termicamente em fresco, por HPLC E espectrofotometria”, a cargo de Luis Arley Guerreiro Eraso e Julieth Vanesa Guerreiro.
  • “Práticas agrónomas ancestrais em cultivo de pápa para enfrentar a mudança climática”, a cargo de Víctor Manuel da Cruz e Lady Cristina Rosero.
  • “Avaliação de métodos participativos para a formulação de uma proposta de agro-turismo na microcuenca a Marqueza – Município de Pasto – Departamento de Narinho”, a cargo de Camilo Córdoba Obando e Andrés Felipe Rendón.
  • “A Granja Agro-ecológica como Ferramenta de ensino – aprendizagem das Ciências Naturais e Educação Ambiental com os estudantes de ensino básico a primário da Instituição Educativa rural Convento Chachagui”, a cargo de Ercia Yineth Agudelo Rozo e María Daniela Ruano.
  • “A mulher no panóptico, para a construção do espaço social carcelário feminino, estabelecimento de reclusão de mulheres o Boa Pastor de San Juan de Pasto, no ano 2012”, a cargo de Camilo Eduardo Carreira.
  • “Do macaco à pilha a Antonio Nario, representações na dinâmica nação – região (1904 – 1911)”, a cargo de Jonathan Stiven Rivera.
  • “Análise das principais problemáticas ambientais na Micro Bacia do rio Mijitayo”, a cargo de Angie Júri e Daniela Guerreiro.

P: Para finalizar, que reflexões sobre os reptos presentes e futuros vos resultam do vosso trabalho?

R: Seguir trabalhando e fomentando a investigação nos nossos jovens, já que eles são o futuro e tentamos que tenham uma qualidade de vida, como a que atualmente temos nós apesar das circunstâncias e problemáticas atuais.

Também é o nosso dever como educadores nas diversas instituições animar aos professores a trabalhar em pró da qualidade de vida, não só da espécie humana senão também dos demais seres vivos já que dependemos deles estreitamente. Seria fundamental para as novas sociedades do mundo ter a futuros profissionais dispostos a dar soluções práticas e assertivas a problemáticas próprias da cada contexto e região.

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