Conhecemos a Incubadora de Alimentos e Agro-negocios de FUMEC (México), uma iniciativa orientada a impulsionar o empreendedorismo no sector agro-industrial e atender a prioridades nacionais e internacionais em matéria de desafios alimentícios como a segurança, a má nutrição ou a obesidade. Uma equipa multidisciplinar de profissionais compartilha connosco o seu modelo de incubadora de empresas: FUMEC SER +.

Falamos com a Engenheira M. Cristina Guadalupe Acevedo Hernández e a sua equipa, responsáveis do projeto.

P: Quando nasce este projeto de apoio ao empreendimento agroalimentar?

R: A Incubadora de Alimentos e Agro-negócios de FUMEC cria-se em 2012 como consolidante de dez anos de experiência atendendo a empresas do sector alimentício em temas de qualidade, inocuidade e desenvolvimento de capacidades empresariais. Em 2013 é reconhecida como Incubadora Básica pelo Instituto Nacional do Empreendedor (INADEM) e passa a fazer parte da “Rede de Incubadoras de Empresas para Mover a México”.

P: Porque apostar por um empreendedorismo que oferece respostas aos desafios alimentícios nacionais e internacionais?

R: É um tema crucial no qual os empreendedores têm muito que poder contribuir. As estimações mais recentes da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) indicam que 868 milhões de pessoas (12.5 % do total da população mundial) se encontram subnutridas em quanto ao consumo de energia alimentaria; no entanto, estas cifras representam só uma fração a nível mundial

Desde o ponto de vista comercial, isto supõe um foco gerador de empregos destacado e tem uma relevância importantíssima para as empresas agro-alimentarias, e mais ainda no meio atual de modernização e globalização no que está imerso o sector. Calcula-se que 26% das crianças do mundo sofrem atrasos do crescimento, 2,000 milhões de pessoas sofrem de carência de micronutrientes (um ou mais) e 1,400 milhões de pessoas têm sobrepeso, dos quais 500 milhões são obesos. A maioria dos países apresentam múltiplos tipos de má-nutrição. Recentemente a FAO declarou que México é o país com maior índice de obesidade.

P: Que retos propõe o fenómeno da globalização às empresas do sector?

R: São múltiplos e complexos, mas podemos destacar que supõe uma oportunidade para explorar o seu potencial inovador. Como dizemos, o sector alimentício encontra-se experimentando um processo de modernização e globalização acelerado que procura melhorar os procedimentos e práticas tradicionais de produção, gerando um ambiente fortemente competitivo. Ante esta situação, é urgente empreender ações encaminhadas ao melhoramento da eficiência nos sistemas alimentícios e agro-industrial, estabelecer um âmbito estratégico de tecnologias, conhecimentos e práticas que permita maximizar a eficácia nas ações que se empreendem para encontrar mecanismos que rompam o círculo vicioso da falta de tecnologia, pouca produtividade e más condições comerciais.

P: Neste contexto, qual é a missão que desenvolve a incubadora de alimentos e agro-negócios?

R: Somos uma incubadora não tradicional, desenhada para fomentar o empreendedorismo empresarial como estratégia para atender às prioridades nacionais e internacionais em matéria de segurança alimentaria, combate à má-nutrição e a obesidade. A nossa missão é, por tanto, melhorar a qualidade de vida dos empreendedores, desenvolvendo habilidades e capacidades empresariais, através dum processo de incubação personalizado, especializado e focado a resultados.

P: Em que consiste o modelo de incubadora sobre o que trabalham?

R: Trabalhar com esta Incubadora é o primeiro passo para que os empreendedores arranquem projetos e negócios, para que mais adiante possam consolidar e aspirar a ingressar a nichos de mercado que não tinham visualizados, bem como revisar as possibilidades de exportar a países como Estados Unidos. Para isso, em FUMEC temos um modelo de incubadora particular, cujo método empregado é o SER+ (SONHA, EXECUTA e REVISA), desenvolvido por um empresário mexicano. Este é ideal para as micro-empresas por ser ágil e de fácil manejo.

SER + contempla a Capacitação, o Acompanhamento contínuo, a Vinculação com diferentes universidades, organizações e redes empresariais, e a Avaliação e sistematizar de acordo a um sistema de indicadores, promove atividades nas diferentes fases de incubação centradas em realizar um diagnóstico da ideia como empreendedor; simulador de negócios; incubadora, onde se elabora o plano de negócios; e pós-incubação com o estabelecimento do sistema SER+ como um sistema de qualidade e de desenvolvimento de negócio.

Nesta linha, o método cobre três esferas de atuação: a pessoal, a financeira e a de gerência; está baseado na pessoa e nos seus valores e engloba atividades como: workshops dinâmicas e de grupo, práticas de negócios e de vivencias e um acompanhamento personalizado durante todo o processo.

Adicional a isto, ao final se incorpora o empreendedor à rede de incubados, se realizam eventos de networking entre incubados e outros atores do ecossistema empreendedor com a finalidade de se façam alianças estratégicas e se incorpore a correntes comerciais de valor.

P: Com que tipo de empresas trabalham?

R: Temos dois perfis:

  1. Empreendedores e empresas desenvolvidas por pessoas de poucos recursos educativos e económicos e que vivem em situação de vulnerabilidade social.
  2. Empreendedores e empresas de alto impacto desenvolvidas por pessoas com um nível educativo alto, com uma ideia inovadora e com recursos para pôr a sua empresa em funcionamento.

P: Como podem fazer parte desta incubadora outros empreendedores interessados?

R: Podem somar-se ao processo de incubadora mediante as convocações que fazemos por médio das nossas redes sociais.

P: Quais foram os resultados atingidos mais destacados?

R: Desde que começamos a nossa atividade, atendemos 50 projetos empreendedores num esquema de atenção desenhado a seis meses.

Também, a obtenção do reconhecimento por parte do Instituto Nacional do Empreendedor (INADEM), e a participação em iniciativas como: incubadora da “Integradora Apícola Kanan”, empresas de alto impacto como “Choco Krams” (empresa com um produto à base de cacau, apto para diabéticos), “Chile de la botella” (molho botanero que não causa irritação estomacal).

P: Para finalizar, que reflexões sobre os retos presentes e futuros destaca?

R: Os retos que nos propusemos são: incidir em políticas públicas e privadas em temas de empreendimento, obter um fundo de capital que sirva como semente para os melhores projetos, poder contar com uma empresa social, obter certificantes, ser considerada como uma das melhores incubadoras especializadas a nível internacional.

Mais informação: Incubadora de Alimentos e Agro-negócios de FUMEC

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